Tradução: Pedro Surreaux Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2018/12/181212140743.htm
Thylacoleo carnifex, o “leão marsupial” do Pleistoceno australiano, de acordo com um novo estudo, foi um caçador voraz que movia-se com a ajuda de uma forte cauda. As novas conclusões sobre seu comportamento provêm de achados recentes, que permitiram, pela primeira vez, a reconstrução completa do esqueleto do animal.
O predador marsupial, que pesava em média 100 kg, não se parecia com nenhum outro mamífero de seu tempo, e seu estilo de vida, até agora, representava um desafio para os paleontólogos, que tentavam tirar conclusões sobre espécimes fósseis incompletos. Os novos achados, encontrados na Caverna Komatsu, em Naracoorte, e em uma caverna da Planície de Nullarbor, ambas na Austrália, incluem o primeiro registro conhecido da cauda do animal. Os autores utilizaram o novo dado para reacessar a biomecânica do thylacoleo e, através da comparação de sua anatomia com aquela dos marsupiais modernos, chegar a novas conclusões sobre a biologia e o comportamento do chamado “leão marsupial”.
A cauda do thylacoleo parece ter sido uma estrutura rígida e extremamente musculosa que era provavelmente utilizada em conjunto com seus membros traseiros, formando um tripé, o que deixava seus membros dianteiros livres para manusear alimentos e escalar, como fazem muitos marsupiais modernos. A análise sugere que o thylacoleo tinha uma lombar robusta e poderosos membros dianteiros, ancorados por uma clavícula forte, o que, embora o tornasse inapto para perseguir presas, indica que era bem adaptado para a caça por emboscada e para a necrofagia. Essas características também entram para a lista de evidências de que o thylacoleo era um escalador hábil, seja de árvores ou de cavernas de paredes inclinadas. Dentre os marsupiais vivos, aquele que mais se assemelha ao thylacoleo é o diabo-da-tasmânia, o pequeno carnívoro que exibe muitos dos comportamentos citados.
Os autores acrescentam: “O extinto leão marsupial, Thylacoleo carnifex, intriga pesquisadores desde a primeira vez em que foi descrito, em 1859, a partir de uma caveira e de fragmentos de uma mandíbula, coletados no lago Colongulac, no estado de Victoria, Austrália e enviados a Sir Richard Owen, do Museu Britânico. Embora seja o maior dentre os marsupiais carnívoros, o animal retém muitas características que apontam para um ancestral herbívoro diprotodonte, e seu nicho tem sido objeto de debate por mais de de 150 anos.
Os achados recentes permitiram, pela primeira vez, a descrição e reconstrução de seu esqueleto completo, incluindo as até então desconhecidas cauda e clavículas. No estudo, Wells e Camens comparam o esqueleto do thylacoleo com aqueles de marsupiais australianos modernos, terrestres e arbóreos, e sua locomoção pôde ser devidamente documentada. Os pesquisadores concluem que o animal vivo estrutural e funcionalmente mais próximo do thylacoleo, embora não relacionado e bem menor em tamanho, é o diabo-da-tasmânia, Sarcophilus harrisii, um necrófago/caçador. Eles chamam atenção para a presença de indivíduos de diferentes classes etárias em cavernas como indicativo de um alto grau de sociabilidade. As características ancestrais que o thylacoleo compartilha com espécies arbóreas o fazem igualmente apto a escalar e agarrar presas. A conclusão é que o marsupial era um negrófago e predador de emboscada de grandes presas.
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